terça-feira, 16 de outubro de 2007

Coma Brócolis


Estava conversando com uma tia minha de Belo Horizonte sobre essas coisinahs banais da vida. Entre um acontecimento contado e outro, mencionei algumas atitudes que eu tive em relação a uma situação desagradável que ocorreu recentemente. Visto que agi de forma totalmente atípica, ela ficou preplexa, e perguntou se eu estava bem.

"Sim, estou," respondi.
"Mas você está feliz assim?" ela continou.
"Ah, não. Isso seria demais também."
"Como você pode estar bem, então?"
"Ah, sinto que o que eu fiz foi saudável."
"Tá, mas o saudável geralmente é agradável..."
"Não necessariamente. Você não come brocolis? Desde quando que brocolis é melhor pra alma que batata frita ou chocolate? Mas faz bem."

Ela riu de meu exemplo e mudamos de assunto.

Essa histórinha serve pra eu resumir tudo que ando fazendo ultimamente. Estou saudável demais para o meu gosto. Estou lendo Dostoievski, porque é "bom". Estou evitando conflitos familiares, porque é "bom". Estou economizando dinheiro, porque será útil no futuro. Não estou bebendo tanto quanto no passado, estou lembrando de ligar a "seta" quando dirijo, saio com um casaco na mão, arrumo a cama, desligo o computador quando termino, assisto ao jornal. E que porre! Pode-se argumentar que a saúde corporal influencia a saúde da alma, mas eu discordo. Alma e corpo são coisas completamente diferentes, assim como alma e mente. Milan Kundera concorda comigo, portanto encerro minha defesa. Estou com saudades da Mord neurótica, bebuna, com tendências auto-destrutivas de antigamente. Alguém sabe onde ela tá?

Ah, sim, foi ao mercado comprar brocolis pro almoço.

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