sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Nobody's fault but my own

Descrença. Secura súbita na garganta. Franzimento da testa. Aperto no estômago. Dificuldade para respirar. Tontura. Manifestação em forma de lágrimas da mistura de sentimentos negativos que surgem no momento. Eis os principais sintomas após o descobrimento de um fato ruim. Ou pelo menos são as minhas reações à más notícias. Tem horas que você conta com algo ou conta com alguém e sinceramente espera que tudo vai funcionar conforme seus planos. Infelizmente, a vida não vem com manual de instruções, não vem com plano de marketing, e você não tem a análise ambiental ou as principais ameaças à suas expectativas em mãos. Aí você grita, faz birra, soca o travesseiro, até se culpa por ter dado a reponsabilidade da garantia de sua felicidade para alguém que não seja você mesmo.
É a hora de ouvir "You Can't Always Get What You Want" dos Stones.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

One way out



Penny Lane: I've made a decision, I'm gonna live in Morocco for one year. I need a new crowd. Do you wanna come?
William Miller: Yes! Yeah.
Penny Lane: Are you sure?
William Miller: Ask me again.
Penny Lane: Do you wanna come?
William Miller: Yes! Yes.
Penny Lane: Ok. Call me if you need a rescue, we live in the same city.
William Miller: Heh, I think I live in a different world.

(L)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Henrietta

Henrietta era uma mulher doce, divertida, engraçada, bonita. Tinha lindos cabelos castanhos, lisos, que gostava de amarrar em um coque. Elegante, sempre usava roupas finíssimas. Fritava um ovo para o café da manhã como ninguém. Morava em uma mansão luxuosa com seu marido vinte anos mais velho. Este, por sua vez, nem notava sua graça, seu charme, seu lindo sorriso de 32 dentes brancos perfeitamente alinahdos. Para ele, Etta era apenas um troféu, a recompensa de seus esforços como executivo em uma prestigiosa empresa qualquer. O que seria de um empresário milionário sem uma doce ninfeta ao seu lado? Nada.

Pois "nada" era como Etta se sentia. Vazia, melancólica, entediada. Principalmente entendiada. Foi-se o tempo em que se contentava com lindas jóias e carros esportivos. O que queria agora era emoção, aquela alegria especial só encontrada em mesas de bar. Cansou de bebericar golinhos de champangne - queria se embriagar de cachaça barata e dançar em cima de uma cadeira. Chega de Chanel n.o 5 - queria o cheiro de cigarro impregnado em sua pele. E para que música clássica se existe rock 'n roll?

Ah, mas por mais que quisesse, Etta sempre perdia a coragem de largar seu marido e sua vidinha acomodada no último instante. Chegou até a arrumar as malas uma vez, mas no último momento deu para trás. O que preenchia seus dias era ficar olhando a rua através da grande janela de vidro que havia na sala. Etta contemplava a paisagem com a mesma tristeza de um passarinho preso em uma gaiola.

Mas um dia, ah que belo dia, tudo mudou. Enquanto olhava a janela, Etta percebeu três jovens músicos arrumando seus instrumentos musicais. Curiosa, esperou os garotos terminarem os ajustes para ver que canção eles iriam tocar. E não é que foi uma serenata para nossa personagem principal, minha gente? Um convite em forma de música para Henrietta largar o maridão e se juntar a eles e os boêmios da cidade. Encantada, Etta convidou-os para tomar um café. Os três jovens ficaram admirados com seu dotes culinários e esplêndido omelete. Elogiaram Etta com muito mais carinho e sinceridade que seu marido. Foi o suficiente para nossa protagonista arrumar as malas pela milésima vez, leitores queridos. Agora ela está lá, curtindo a vida com suas novas amigos Chealsea Dagger e Vince, o maconheiro adorável. Sem falar, é claro, nos três irmãos músicos que salvaram sua vida do tédio.

[Sim, eu voltei a ouvir Fratellis e dançar de pijama no quarto.
Sim, estou rouca de tanto berrar as letras.
Sim, os vizinhos já vieram aqui em casa reclamar do barulho.
Mas o que fazer? Os três músicos chuchus também salvam minha vida do tédio.]

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

domingo, 25 de novembro de 2007

Circle, square, triangle


Relacionamentos interpessoais podem ser transformados em formas geométricas para dar efeito gráfico, já notou? Triângulos, quadrados, hexágonos, eneágonos, uma infinidade de polígonos correspondente a cada grupo de pessoas. Quanto maior o número de pontas, maior o número dos subconjuntos que se formam, vulgarmente conhecidos como "panelinhas". Particularmente, sou a favor da abolição de tais figuras; acredito que o mundo funcionaria melhor se todos fossemos pontos pulantes desapegados que saltam de indivíduo a indivíduo conforme sua vontade na hora. Figuras, querendo ou não, influenciam nas decisões de suas pontos (seja para o bem ou para o mal), fazendo da perda da originalidade do ser humano uma das principais características do mundo moderno. Mas não irei discutir nada disso aqui, afinal, só porque sou egoísta E ingênua e me meto em cinquenta formas geométricas inadequadas até encontrar uma ou duas que me satisfazem não quer dizer que a sociedade inteira funcione assim.

Voltando a teoria das figuras: não é incomum a transformação de uma forma em outra. Quadrados se transformam em pentágonos que viram hexágonos até a exclusão de duas pontas que encontram outra pra formarem um triângulo e se juntarem com o antigo quadrado em festas casuais. É um embaraço mental que faz sentido porque cada ponto tem um nome, sobrenome, personalidade. Nem notamos essas metamorfoses de tão naturais que são - desde sempre grupos funcionam assim.

De todas as figuras, creio que triângulos são as mais difíceis de serem administradas. Tanto que se tem nomes diferentes para cada tipo. Triângulos podem funcionar incrivelmente bem, é claro, mas é o polígno que se transforma em reta com mais frequência e rapidez de todos. E o pontinho excluído nesse processo, tadinho, fica dançando pelo mapa até ser convidado para uma outra figura. Se ele tem sorte, acha outro ponto perdido e forma uma reta própria. É aí que quero chegar com essa baboseira filosófica toda:

A força de uma reta é algo que me surpreende até hoje. É evidente que nem todas as retas são assim. Algumas são tão frágeis que um simples desentendimento é a causa de sua ruptura. Porém, todavia e o escambau, têm retas que não se desfazem nem com o tempo, nem com a distância, nem com a entrada de outros pontos. Estes, no caso, nada mais são que uma outra figura da qual um dos pontos faz parte. Mas a reta está ali, intacta. Pode ser coisa da minha mente de louca, pode ser ilusão, pode ser viagem (como este post inteiro está sendo), mas sinceramente acredito que uma das poucas situações em que o conceito de "eternindade" se aplica é na formação de uma linha. Aquele papo de tudo-passa-até-uva-passa e nadaduraparasempre é pura bosta de boi, se me perguntarem. Eu, pelo menos, estou numa reta em que, por mais que eu me esforce, por mais que eu martele os defeitos e o gosto duvidoso do outro ponto na minha cabeça, não consegue se desfazer.

sábado, 24 de novembro de 2007

Beautiful

As vezes tudo de que precisamos para sobreviver é afeto e música boa. Risadas e recadinhos. Cerveja e o programa tosco da Márcia Goldschimdt. Caminhar à noite, admirando as luzes dos prédios.

Ontem foi dia de contemplar a lua e cantar "Everything's not lost" (na cabeça, evidentemente, para evitar olhares constrangedores e surdez coletiva devido ao desafinamento). De reunir com gente que você encontra todo dia mas nunca parece ser os suficiente. Dia de trombar com gente na rua que não se via há séculos. 24 horas sem neuras, sem ataques, sem raiva, sem tremores nas mãos, sem ombros caídos, sem salto-alto, sem pentelhação.

Ontem foi cheio. Ontem foi pesado.





[She thought it would be fun to try photography
She thought it would be fun to try pornography
She thought it would be fun to try most anything
She was tired of sleeping]

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Resposta ao "Lightness"

Só para constar, estou odiando essa tal de leveza que encontrei. Não sei se ficou claro no último post. Lendo o comentário da Bruna, devo dizer que concordo com cada palavra. E se isso me faz ser masoquista também... well, so be it! Quero meu peso de volta, ponto final.

ps: como passei minha vida inteira odiando Belle and Sebastian, também não sei. Eles são uma graça, recomendo a todos!

Lightness




"O drama de uma vida pode sempre ser explicado pela metáfora do peso. Dizemos que temos um fardo sobre os ombros. Carregamos esse fardo, que suportamos ou não. Lutamos com ele, perdemos ou ganhamos. O que precisamente aconteceu com Sabina? Nada. Deixara um homem porque quis deixá-lo. Ele a perseguira depois disso? Quis vingar-se? Não. Seu drama não era o de peso, mas de leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser."

Por que passei os últimos vinte anos, quatro meses e dez dias desejando ser leve, não sei dizer.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Arco-íris e potes de ouro


And I've grown a lot since we last spoke
Got myself together; fixed what was broke
I wonder if we'll talk again
Or drink together just like then

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Surto

Você percebe que está enlouquecendo quando tem vontade de quebrar as louças que está lavando.

Jogar no chão com força. Ver a formação dos cacos. Ouvir o barulho da quebra. Virar para a torneira. Fechá-la.


Nada mais a declarar.

sábado, 17 de novembro de 2007

Clouds in my coffee


Eu sonho acordada com uma frequência absurda. Acho que eu tenho um leve (ou quem sabe não tão leve assim) déficit de atenção, porque não é possível. Viajo até quando estou lavando louça, e sem auxílio de substânicas químicas. Minha mãe reclama da alarmante conta elétrica e implora para que eu tome banhos mais curtos... mas não tem outra: começo a ensaboar meu cabelo e meu foco é dirigido instantaneamente para a saboneteira, atraindo milhares de pensamentos aleatórios por segundo que necessitam de horas e horas para serem desembaraçados. Já foram centenas de excelentes conclusões que cheguei só de bater o olho naquela saboneteira; se duvidar, Einstein tinha uma igual.

Creio que essa minha mania de passar pela vida com os olhos meio-abertos faz os outros me acharem meio burrinha. Sempre sou a última a rir das piadas, a entender as indiretas, a me abaixar quando uma bola de volêi em alta velocidade vem em minha direção (não que esta última aconteça muito, visto que evito quadras esportivas ao máximo). A verdade é que tenho um potencial cerebral até bastante elevado, porém opto por não usa-lo toda hora. Desculpa a franqueza, mas tem momentos que prestar atenção simplesmente não dá. As vezes sou recriminada pela minha fama de "viajona", mas o que posso fazer, já nem ligo mais. Eu tenho sonhos que são as núvens do meu café. Núvens cumuliformes. E não penso em espanta-las tão cedo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Vazio

Hoje estou vazia. Isto não é uma referência a metáfora do copo, sabe, otimistas versus pessimistas, não não. Sinto que fui esvaziada por uma onda de monotonia paranormal, a qual retirou estômago, coração, tripas, ossos, fígado, todo e qualquer fragmento do meu corpo que uma vez um dia promoveu alguma sensação levemente humana.

Ao colocar tudo isso no papel (leia-se: tela de computador), receei soar "emo" demais. Portanto, até eu chegar a uma brilhante conclusão (a qual falarei a respeito logo em seguida), este texto quase não foi escrito. Aí reparei que não, não estaria sendo emo, e sim justamente o oposto: hoje sou a total contradição de qualquer filosofia "emolóstica". Eles não sabem como lidar com o constante fluxo de sentimentos sufocantes que parece ter surgido de uma hora para outra; eu, com a ausência de tais emoções. Estou leve no sentido mais kunderiano da palavra possível, estou flutuando sem rumo em uma eternidade cinzenta, rezando para me apegar a alguma coisa (qualquer coisa) que me arraste de volta para o chão.

Isto seria extremamente deprimente se não fosse tão entediante. O pai de Morrissey uma vez definiu que a ausência de tempero na vida se dava ao excesso de cafeina na veia. Comentário ao qual Morrissey respondeu para que o velho o deixasse em paz, pois ele estava bem agora. Pois então, "bem" é uma coisa muito relativa. Desculpe-me Mor, querido, mas adoraria ouvir as receitas de anti-monotonia que seu pai tem para oferecer. Quero o giz-de-cera amarelo para tentar colorir esse ânimo cor-de-bombril que me atormenta desde que acordei. Está tudo dando certo para mim, e ao mesmo tempo, tudo está dando errado. Sou uma ingrata? Sou, sou mesmo. Estou sem rumo, meu povo. E estaria apavorada se não estivesse tão vazia.

Ou isso ou estou tpmica e amanhã tudo se resolverá.

domingo, 11 de novembro de 2007

Tic-toc

Muito tempo livre as vezes é um veneno. Você acaba pensando em coisas que não deveria. Acaba se lembrando de coisas que não têm mais importância. Inventa interesses, hobbies. Ouve tanta música que elas perdem o poder de comover. Lê livros teóricos porque já terminou os de literatura em sua estante. Vicia-se em youtube. Come demais, dorme demais, sonha demais. E não venham me dizer que sonhos em excesso não fazem mal, pois fazem, são perigosíssimos. Basicamente a vida passa em câmera lenta. Pelo menos esta é a impressão inicial. A escuridão da noite o pega de surpresa e você se dá conta de que mais um dia passou e nada muito significante foi feito por você nas últimas 24 horas. Aí voce cata uma cadeira de praia, planta-a na frente da tv, apaga as luzes e exercita seus dedos nos botões do controle remoto até achar algo decente para assistir. É, tempo livre é um perigo. Mas tem gente que gosta de aventura.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Por razões desconhecidas

Por motivos que desconheço, estou pulando de humor em humor com a velocidade da luz. Sinto as mais contraditórias emoções de uma hora para a outra - fico feliz com uma intensidade incrível e logo em seguida vejo como estou triste; fico ansiosa e agitada e louca para sair fazendo polichinelos na rua, mas daí vejo o sofá e um cansaço me invade como nunca antes; penso que estou ficando para trás na minha vida profissional mas depois vejo que estou fazendo exatamente o que quero fazer e preciso fazer neste momento. Sinto raiva e em seguida paixão pelas pessoas mais aleatórias possíveis. Minha resposta para tudo isso é, evidentemente, entupir-me de café. O que tira meu sono a noite, deixando-me ainda mais paradoxal no dia seguinte.

As vezes eu me espanto ao perceber o quanto sou mulherzinha. Meu nível de estrogênio varia mensalmente, tenho grande consciência dos meus sentimentos, tenho TPM, tenho ódio do meu cabelo, tenho soutiens e calcinhas e esmaltes e batons. Como grande grande GRANDE parcela do universo feminino. Por razões desconhecidas, esqueço desta parte de mim de vez em quando e acabo por me deteriorar quando apronto uma irracionalidade típicamente mulheril [sim, esta palavra existe, joga no google]. Mas daí eu tomo um longo banho com sabonete líquido e pinto minhas unhas do pé... e tudo se resolve.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Quarta



Estou aqui para declarar, senhoras e senhores, meninos e meninas, que eu amo, com toda a paixão do universo, as noites de quarta.

É uma escolha peculiar de dia, eu reconheço. Sábados são mais óbvios por serem dias de "folga" para a maioria das pessoas. Sextas também, pois antecedem os fins de semana. Quartas, no entanto, são dias teoricamente "normais", sem muitos bares abertos ou gente caminhando na praia, sem folga na manhã seguinte, sem desculpa para não entregar um relatório ou artigo ou trabalho qualquer na quinta. Porém, para mim pelo menos, não há dia melhor.

Existem teorias sobre o "poder das quartas feiras". Há quem diga que, por estar justamente no meio da semana, é o dia moderador dos demais. É quando ocorre o equilíbrio semanal. Os dias anteriores podem ter sido uma verdadeira merda, mas há chances de você encontrar a salvação de sua semana na quarta. Caso contrário, face it, brother, você é um fodido que teve uma semana bem ruim. Quem sabe a próxima melhora. (Y)

De qualquer forma, as minhas quartas são geralmente geniais. Porque faço questão de torná-las geniais. Quando não estou na companhia de amigos chuchus, é O dia de ficar lendo na sacada ou vendo um filme legal. Ou ficar fazendo dancinhas idiotas ao som de Fratellis. Lindo demais. Hoje foi um dia bom e fiquei com vontade de expressar minha felicidade aqui. And that's all I have to say about that

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Remedy

Querido diário,

Hoje acordei bem cedo - 6 da manhã. Na verdade, "acordar" está incorreto... nem cheguei a dormir direito. Fiquei rolando na cama até não aguentar mais. Vi "Mulheres à beira de um ataque de nervos" do Almodovar, li parte d'A Caverna, joguei os joguinhos toscos do meu celular e nada do sono vir. Devo ter adormecido durante parte do tempo, mas a impressão que tenho é que não cheguei a fechar os olhos por sequer um minuto. Quando o ponteiro menor de meu relógio alcançou o 6, vi que era hora de levantar.

Odeio noites de insônia, sabe, diário. As pessoas que reclamam de períodos mal dormidos não sabem o que é passar noites e noites em claro. Quem viu "Fight Club" acha que tem noção do horror que é. Podem até pensar que olheiras são "cool" e que divulgar sua falta de sono os tornam poetas boêmios incompreendidos. Eu nem perco tempo com gente assim, diário, já tive insônia de verdade e rezo para que ela não volte nunca mais.

Fugi do assunto! Enfim, levantei às 6h, tomei banho, fiz café, torradas. Liguei a TV entre mordidas e goles. Pus na MTV. E adivinha que clipe começou a passar, diário? Remedy, dos Black Crowes! Eu sei que não pareço com uma típica fã da banda, mas sou! E fiquei bem feliz. Enquanto murmurava o refrão imaginei o Chris Robinson batendo na Cicarelli com o cabo do microfone e mandando ela enfiar seus sapos e modelos no cu. Sério, diário, não entendo a programação da MTV. Ela só presta de madrugada. O jeito é dormir o dia inteiro para ficar acordado à noite vendo clipes. Sorte a minha que não tenho problemas com isso.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

This is yesterday


"Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a este artifício conseguimos suportar o passado."
Gabriel Garcia Marquez em Amor nos tempos do cólera.

Dias de chuva me deixam pensativa. Acho que o mesmo acontece com a maioria das pessoas. Tirando o Gene Kelly, claro. Enfim, andei desenterrando antigas cartas e anotações e relembrando momentos de alguns anos atrás. Tudo parecia ser tão bom, tão divertido. Lembro-me de quando comecei a trabalhar, a ganhar meu próprio dinheiro, o qual eu torrava tudo em shows e viagens e CDs virgem. Lembro-me que adorava o cheiro de ônibus de viagem, adorava puxar a cortininha e ficar admirando a paisagem. Adorava fazer cursinho, adorava a esperança de me mudar de Balneário o mais cedo possível. Adorava matar aula de redação para tomar cerveja em um bar próximo. Adorava ficar conversando na beira da praia, à noite. Adorava tudo, adorava todos, aparentemente.

Esses dias encontrei com algumas pessoas dessa época no Atlântico. A total falta de assunto me surpreendeu. Perguntas como, "Está gostando da faculdade?" e "Como vai sua mãe?" eram o tema central da conversa. Com o coração apertado e um sorriso amarelo no rosto me despedi, prometendo (em vão) manter contato. Ao sair do shopping me peguei pensando se a tal "época dourada" de minha vida foi realmente tão dourada assim.

E a resposta é, não! Claro que não foi. Sempre vem tristeza junto com alegria. É o balanço cármico do universo (assita ao Earl). Mas momentos ruins se dissolvem com mais rapidez que os bons, e que delícia isso. Conversas constrangedoras com fantasmas do passado servem apenas para reforçar que amigos de verdade são aqueles que você pode ficar anos sem ver mas sempre têm novidades para compartilhar. Exs de verdade são aqueles que você pode encontrar na rua e rir de antigas gafes, sem ressentimentos ou mágoas. Confidentes de verdade ouvem suas angústias mesmo estando longe, mesmo não sabendo nada sobre os envolvidos, mesmo tendo que apelar a piadas chulas para te fazer rir. E tempos bons só existem porque precisamos que eles existam, caso contrário a vida não faria muito sentido.

Não vou fechar este texto com "viva o presente" pois isso seria uma tremenda idiotisse digna de Augusto Cury. Direi algo totalmente contra qualquer indicação de livro da auto-ajuda: Ame o passado. Apegue-se a ele, ria dele, lembre-se dele com amigos (mesmo os que não estavam com você na época). Pois convenhamos, o melhor ano de nossas vidas é aquele que acabou de passar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Things that I've done


Top-5 motivos pelo qual meu Halloween ontem foi o melhor de todos os tempos
(em ordem cronológica):

5. Fui para a faculdade para ter aula de filme - "Obrigado por Fumar". Particularmente não sou muito fã desse tipo de coisa, mas ontem foi exessão pois gosto bastante do filme. Sem falar que minha turma juntou com a do Mauro, dando-nos a oportunidade de fazer comentários "engraçados" durante a exibição.

4. Fui ao Santander fazer o depósito do financiamento do Chuchu-Car. Sério, que orgulho. E logo em seguida passei na oficina com meu pai e fui dirigindo-o até em casa. Que orgulho vezes dois.

3. Depois de um longo (porém divertido) trajeto até Curitiba, cheguei na Pedreira (local do Tim Festival) a tempo de encontrar várias pessoas aleatórias que eu amo de paixão e assistir ao show da Bjork. O qual foi TORTURANTE pois odeio a voz dela, mas lindo de morrer ao mesmo tempo. Sim, sou bi-polar. Logo depois (leia-se: depois de duas horas de intervalo) veio o show dos Macacos Árticos, que também foi bacaninha. Deu para pular em algumas músicas e ficar com a coluna fodida (além de bi-polar, sou uma velha).

2. Esta é linda demais: no intervalo entre Arctic Monkeys e The Killers tocou (entre milhões de músicas podres) "Still" da Macy Gray. Antes que eu seja difamada aqui, SIM, eu gosto de Macy Gray. Gosto de qualquer negona com voz estranha. E "Still" pooor acaso é minha música preferida dela. E não é tão famosa assim. Então ó minha surpresa ao ouvi-la lá. Agarrei a mão da Bruna e começamos a cantar com microfones imaginários. Supimpa demais. Tocou Marvin Gaye depois e eu fiz um comentário sobre American Idol o qual a Gábi irá jogar na minha cara e me chamar de "prega" até o fim dos meus dias.

1. Show dos Matadores. Sério, lindo demais. Breguiiiissimo, eu admito. A recriação da tal Cidade de Sam foi algo digno de Faustão. Mas foi lindo. E meu ângulo de visão foi perfeito para ver todos os movimentos do Brandon. Genial. Ainda mais o fechamento com "All these things that I've done". Quase chorei. Ameacei mostrar os peitos pela milésima vez aquela noite. Ai ai.

Então é isso. Agora eu vou aproveitar esse temporal lá fora para pôr meu sono em dia. Beijim beijim.