quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Crooked teeth

Madrugada. Sacada.
Por instantes a iluminação lunar refletiu em um aglomero peculiar de nuvens, formando a tal da boca com os tais dentes tortos sobre a qual Ben Gibbard se refere na oitava música do álbum Plans. E eu ali, em pé, gosto amargo de cerveja na boca, quarto Lucky da noite entre os dedos, cantando baixinho as palavras duras mascaradas pelo tom alegre da melodia. Naquele momento, segundos antes do sorriso se desfazer e transformar em um cavalo marinho ou um tubo de pasta de dente ou, sabe-se lá, em nuvens carregadas passeando pelo céu noturno, tudo fez sentido.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Sleep to dream

A quem possa interessar, a crise de ansiedade continua. Tá melhor, sim, mas ainda não desapareceu. As costas pararam de arder, as mãos pararam de tremer, os pés pararam de batucar, o estômago parou de se embrulhar. Só falta agora o sono vir.

Com toda franqueza, eu não me importo de ficar horas e horas acordada me mexendo na cama. É um ótimo espaço para refletir e ouvir música e ler. Graças aos céus meus vizinhos sem noção não fazem mais festinhas de aniversário e nem saem berrando atrás da Mãããe, então a noite é o horário mais tranquilo e sereno para mim. O que fode com tudo são os dias. Daí sim, fico um zumbi. Lembro-me de uma frase do Fight Club: "quando você tem insônia você nunca está de fato dormindo mas nunca está de fato acordado." Algo assim.

O que eu acho realmente peculiar é essa crise toda ter começado justamente nesta semana. Porque está tudo indo tão bem. Todos [repito TO-DOS] os aspectos da minha parecem estar em harmonia. Inclusive o profissional, viva eu! Como sou poética, encaro minha falta de sono como uma metáfora - é como se eu fosse sonâmbula a vida inteira e agora finalmente tocou o despertador e chegou a hora da emoção começar. Sim, sou mais brega que poética.

Resumindo: Não sei dormir mas sou feliz. Ponto. Chega disso agora, isto está muito diário-pessoal-da-vida-bobinha-de-Camila-Beaumord e eu odeio isso.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

No fun

Ansiedade. Estado caracterizado pelo medo, apreensão, mal-estar, desconforto, insegurança, estranheza do ambiente ou de si mesmo e, muito freqüentemente, a sensação de que algo desagradável pode acontecer.

Eu odeio ser pessimista. Odeio que este blog está bem down ultimamente. Mas o que posso fazer? Passei o fim de semana inteiro pulando de alegria com a expectativa do show do Bob Dylan, saí no sábado e consegui tanta bebida de graça que me senti uma prosti, revi praticamente todos os meus amigos mais próximos nos últimos dias... e estou há três noites sem dormir. Por pura ansiedade. De quê, não sei. Sei que as quatro horas de sono que consegui de sábado para domingo foram interrompidas bruscamente por uma crise de tosse absurda que chegou até a sangrar minha garganta. De segunda para hoje não foi mto diferente. Fui para cama relativamente cedo, caí no sono às 11 mais ou menos. Acordei tossindo duas horas depois. Levantei, lavei o rosto, bebi água. Voltei para a cama. E a tal da ansiedade deitou ao meu lado.

Pergunto-me se alguém mais já sentiu isso. A razão deste post é justamente esta - encontrar outros como eu. Os sintômas do que eu descrevo como ansiedade são os seguintes: é como se a parte inferior das costas começasse a pegar fogo. E acionasse um alarme interno que descontrolaria as extremidades do corpo. E entre o tremor nas mãos e a batida imaginária que o pé decide seguir, eis que o estômago decide se enrolar em um nó que parece não se desfazer.

Então, nesse desconforto, liguei a TV. Estava passando Stranger than Fiction, bem na hora que o Will Ferrell é encaminhado para o RH hipponga da empresa e "descobre" que árvores são árvores. Fiquei vendo por um tempo, até o nó do estômago relaxar um pouco, então desliguei o aparelho e tentei dormir. Acordei novamente no final do filme. Aproveitei que todo o equipamento de som da minha casa está localizado em meu quarto por eu ter inventado de fazer outra mix-tape ontem e liguei o rádio. Nem me importei de trocar o CD que está na caixinha, que por sinal é Iggy Pop. Agora, convenhamos, ouvir os berros do senhor James Newell Osterberg Jr não é uma forma eficaz de relaxamento, algo que eu estupidamente só fui me dar conta quatro faixas depois. Apertei o 'stop' antes do último pedido de Iggy para ser meu cachorro (afinal, juro que ele está cantando só para mim e me sinto lisongeadíssima). O CD mais próximo era dos Perishers, com Maccabees no final (porque não suporto ter "espaço em branco" no final de um CD então sempre gravo faixas extras). Adormeci na segunda música; despertei-me na penúltima. Aí larguei mão de vez. Fui para a sacada, com as costas ardendo e tudo, e fiquei esperando o céu ficar roxo com o nascer do sol.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Is it over now?

Tá, já fiz inúmeros posts nostálgicos, com toda aquela pinta de, "eu era feliz e não sabia... será que sou feliz agora e ainda não sei?" e blá blá blá. Mas vamos falar de música? Desde o começo do mês me deparo com centenas de músicas e letras que teriam feito tanto, mas tanto sentido na minha vida há apenas alguns aninhos. Coisas de amores impossíveis e imaturidade emocional e fantasmas do passado e inseguranças sobre o futuro. Não sei se fico feliz por já ter passado por tudo isso e superado ou triste por tais albuns não terem caído em minhas mãos na época apropriada (mesmo porque grande parte dos artistas nem tinham gravado ainda, mas tudo bem). Parece que ouvir dramas alheios na época em que acontecimentos semelhantes estão ocorrendo com você melhora tanto a sua situação. Então estou um pouco decepcionada por minhas descobertas musicais terem vindo um pouco tarde demais. E estou me sentindo um pouco velha, e um pouco cansada, e um pouco sozinha. As coisas parecem ter perdido a intensidade dos anos anteriores. Sinto que está tudo... "morno", tudo cinza. Odeio isso. Odeio rotina. Mais que rotina, odeio que não existem músicas sobre o tédio, ou problemas com o carro, eu trânsito na Av. Brasil provocado pelo excesso de turistas, ou a busca por um novo emprego, ou a vontade de matar sua irmã mais nova quando ela pega o controle remoto e muda de canal quando você está assistindo. Esses problemas não são significantes o suficiente para existirem composições a respeito? Hmf.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Random Thoughts

[Nota: este post é diretamente proporcional em tamanho a minha ausência no blog. Quem estiver com saco, leia até o final.]

Eu odeio vizinhos. Principalmente os meus vizinhos. Todo dia sou acordada às nove da manhã por uma desmiolada no andar acima berrando, "Mãããe!". E não é nem uma criancinha abandonada atrás de carinho materno ao levantar, não! Tudo indica que a dona da voz é "mulher feita". Presumo que a Mãããe é uma dessas velhinhas meio-pancada que jura que é um passarinho antes de tomar suas pílulas matinais então a filha está meramente assegurando que ninguém voe da janela antes do café da manhã e eu estou sendo uma tremenda egoísta querendo algumas horas de sono a mais. O bom de acordar tão cedo é que posso ver o episódio de Friends que passa nesse horário (porque a programação diurna da Warner é composta apenas por Friends, ER, Gilmore Girls e Smallville) . Pelo menos os primeiros 15 minutos, porque depois estou meio que roncando novamente.

Sem falar dos party-people que sobem até o terraço do prédio ao lado e inventam de celebrar aniversários nas noites mais nada a ver da semana, tipo domingo ou terça. E haja aniversariante viu, putaquepariu, há semanas sou interrompida na leitura ou na TV por causa desses imbecis. É impossível entender o sotaque irlandês tosco do Matt Damon nos Infiltrados com um monte de executivos-gone-crazy de Blumenau ou Curitiba ou sei lá onde cantando Parabéns Pra Você, mesmo você tendo visto o filme trilhões de vezes antes (a programação da HBO, por sua vez, é composta por Infiltrados e Piratas do Caribe ultimamente). Urg. Acho que a Mãããe foge pra essas festinhas toda noite quando a filha vai para cama, por isso que ela (filha) fica louca de manhã procurando ela (Mãããe).
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Estou oficialmente falida. Ou à beira da falência. Tudo porque não estou trabalhando mas estou gastando horrores com as liquidações de verão. Totalmente entendo o Michael Jackson nessas horas de gastar-o-que-não-tem [btw: estou fazendo tantas comparações com o Michael Jackson que estou ficando com medo. Quem sabe eu seja de fato Michael Jackson mas nunca soube. Se bem que, como fui alertada agora, não sei fazer moonwalk para salvar minha vida, então todas as comparações são mera coincidência mesmo]. Preciso urgentemente de um emprego legal, tipo degustadora para chefs finíssimos ou analista de conforto de sapatos bonitos ou dorminhoca profissional. Por ora, dou uma de George Costanza e finjo que sou arquiteta. Quero apenas setenta-pila de uma alma caridosa para comprar um sapatinho verde que combine com minha bolsa - quem me dá quem me dá?
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Adoro a prateleira de shampoos do supermercado com a mesma intensidade que odeio meus vizinhos. Sempre paro e fico admirando os Seda. Porque, sério, tem Seda para tudoquanté tipo de cabelo. São tantas cores de embalagem que é lindo ver, só não passo mais tempo na frente da gôndola porque tenho vida própria (juro que tenho, não riam!). Às vezes pondero sobre qual shampoo me define como pessoa. Temos aquele para cabelos quebradiços e secos e um outro para secos e quebradiços. Tipo, o meu é tanto seco quanto quebradiço... qual shampoo escolher? Sem falar que tem aquele para cabelos castanhos (cor do meu) e aquele que dá um brilho sem igual (algo a que aspiro). E tem ainda aquele para cabelos danificados... ah! Que dúúúvida! No final das contas, escolho pelo cheiro. Sou uma shampoo-skank - não me prendo a marca ou "efeito" algum (só não uso Elsève da L'Oreal porque faz de meu cabelo uma paçoca). O que conta mesmo na minha vida são as hidratações semanais que faço escondida com o Kerastase da mamãe quando ela está trabalhando.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Caught a lite sneeze

Alergia. Hipersensibilidade a uma determinada substância ou agente físico, responsável por manifestações corporais desagradáveis como espirros, tosse repetitiva, lacrimejação excessiva, erupções cutâneas, falta de ar... entre outras. Diferentemente de outros tipos de doença, como viroses ou bacterianas, a alergia não tem exatamente uma "cura" - há apenas um alívio temporário de seus sintomas. Ela vive em você, é parte de você, é um miserável fardo que você carregará pelo resto da vida, quer queira, quer não. A alergia é aquele primo do interior chato que vem passar as férias na sua casa: quando você pensa que finalmente se livrou, eis que chega mais um verão e lá está ele de novo, ocupando metade do seu quarto e implorando por "esqueminhas" com suas amigas. E quando a bostinha da alergia inventa de dar uma visita, hmf, não tem escapatória. Ela está ao seu lado no banco do passageiro do carro, está com você no sofá da sala vendo tv, está ajudando a escolher um livro da estante, está na cozinha enxugando as louças que você lava. É incômoda, folgada e persistente. E parece que não vai embora nuuuuuunca.

Quem quiser me dar presente, aceito um nariz novo. Estou começando a me sentir igual ao Michael Jackson, e acho que isso não é necessariamente algo bom.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Your diary

"No Cars Go", do Arcade Fire, foi transmitido em um comercial da NFL durante o Superbowl sem permissão da banda. Amy Winehouse tá com cara de faxineira na rehab e Ivete Sangalo parece que pirou o cabeção. A E! True Hollywood Story dos Village People está sendo transmitida neste exato momento. Para lançar o boomerang roxo da Jade no Mortal Kombat Trilogy, basta apertar o botão de ir para frente, em seguida o de trás e o por fim o "A", tudo bem rapidinho. Lola morreu e Mathieu está indo verificar seu apartamento em "Idade da Razão". Assim como a Britney, meu celular deverá ser internado na quinta feira no manicômio da TIM mais próximo. Minha casa não tem mais comida e estou com preguiça demais para ir até a padaria (que é a míseros 3 quarteirões daqui). Preciso desesperadamente de café para me acordar ou de cerveja para me animar.

E é isso. Update da minha vida. Até o final do carnaval devo postar algo mais interessante, mas por hoje é só pessoal.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

The Weight

- I'm goin' to California. I need a fuckin' sunny day.
- Can I come?
- I'm serious. There's nothing keeping me here. Except perhaps poverty.
- Can't let that stop you.
- I can't.
- I've always wanted to drive across the country. Maybe this summer.
- Fuck that. I'm flying.
- I wanna come, asshole.
- Good. [pause] 'Cause I'd be afraid to go by myself.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Just another day

Hoje é Dia do Publicitário. Pergunte se ganhei alguma coisa. Vamos, pergunte! Pois já respondo: nada. Na-da. Talvez porque não tenha me formado ainda. Talvez porque larguei meu emprego "da área" esta semana. Talvez porque esses "dias-de-qualquer-coisa" servem só para marcarmos no calendário e fingir que é algo importante. Enfim, a moral da história é que não ganhei presente algum e nem dei lembrancinha para outros colegas. O que meio que descoraja a persistência na profissão, mas isso não vem ao caso.

Se eu fosse receber algo hoje por ter simplesmente optado pelo curso superior no qual me matriculei, o que gostaria de ganhar? Presentes como o puff vermelho para completar meu quarto ou um novo retrovisor pro Chuchu-Car (long story) são escolhas interessantes, porém o custo relativamente elevado de ambos parece inapropriado para a ocasião. E visto que a porra do Dia do Publicitário nem feriado nacional é, eu deveria ter aberto a boca no Natal e coisarada. Fora esses dois, no entanto, consigo pensar em somente uma outra coisa que me agradaria hoje: uma dormida acompanhada.

Só a dormida. Sem segundas intenções. Sem nudez. Sem romance. Sem beijinhos ou carinho ou frescuradas. Sem posições fofas tipo "conchinha" ou sei lá como vocês crianças chamam isso hoje em dia. Só uma dormida. Um cochilo de 30 minutos com outro ser compartilhando um lençol. Só para dormir confortavelmente aquecida pelo calor natural de outro corpo ao meu lado. Só para passear nas estradas coloridas dos sonhos intoxicada por um perfume diferente do meu. Só para sentir aquela vergonhazinha ao acordar com cabelo desarrumado e cara amassada. 30 minutos. E depois, bye bye.

Não é muito caro, nem é pedir muito, eu creio. Mas o dia já está acabando e não ouço a porta bater com um pretendente por trás. Então, assim como o puff e o retrovisor, fica pra próxima. Tenho um filme preferido para ver na TV hoje - dormirei acompanhada disso. Feliz Dia do Publicitário para mim.