quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Henrietta

Henrietta era uma mulher doce, divertida, engraçada, bonita. Tinha lindos cabelos castanhos, lisos, que gostava de amarrar em um coque. Elegante, sempre usava roupas finíssimas. Fritava um ovo para o café da manhã como ninguém. Morava em uma mansão luxuosa com seu marido vinte anos mais velho. Este, por sua vez, nem notava sua graça, seu charme, seu lindo sorriso de 32 dentes brancos perfeitamente alinahdos. Para ele, Etta era apenas um troféu, a recompensa de seus esforços como executivo em uma prestigiosa empresa qualquer. O que seria de um empresário milionário sem uma doce ninfeta ao seu lado? Nada.

Pois "nada" era como Etta se sentia. Vazia, melancólica, entediada. Principalmente entendiada. Foi-se o tempo em que se contentava com lindas jóias e carros esportivos. O que queria agora era emoção, aquela alegria especial só encontrada em mesas de bar. Cansou de bebericar golinhos de champangne - queria se embriagar de cachaça barata e dançar em cima de uma cadeira. Chega de Chanel n.o 5 - queria o cheiro de cigarro impregnado em sua pele. E para que música clássica se existe rock 'n roll?

Ah, mas por mais que quisesse, Etta sempre perdia a coragem de largar seu marido e sua vidinha acomodada no último instante. Chegou até a arrumar as malas uma vez, mas no último momento deu para trás. O que preenchia seus dias era ficar olhando a rua através da grande janela de vidro que havia na sala. Etta contemplava a paisagem com a mesma tristeza de um passarinho preso em uma gaiola.

Mas um dia, ah que belo dia, tudo mudou. Enquanto olhava a janela, Etta percebeu três jovens músicos arrumando seus instrumentos musicais. Curiosa, esperou os garotos terminarem os ajustes para ver que canção eles iriam tocar. E não é que foi uma serenata para nossa personagem principal, minha gente? Um convite em forma de música para Henrietta largar o maridão e se juntar a eles e os boêmios da cidade. Encantada, Etta convidou-os para tomar um café. Os três jovens ficaram admirados com seu dotes culinários e esplêndido omelete. Elogiaram Etta com muito mais carinho e sinceridade que seu marido. Foi o suficiente para nossa protagonista arrumar as malas pela milésima vez, leitores queridos. Agora ela está lá, curtindo a vida com suas novas amigos Chealsea Dagger e Vince, o maconheiro adorável. Sem falar, é claro, nos três irmãos músicos que salvaram sua vida do tédio.

[Sim, eu voltei a ouvir Fratellis e dançar de pijama no quarto.
Sim, estou rouca de tanto berrar as letras.
Sim, os vizinhos já vieram aqui em casa reclamar do barulho.
Mas o que fazer? Os três músicos chuchus também salvam minha vida do tédio.]

Um comentário:

Mauro Sérgio disse...

aloka! the fratellis é feliz, adoro