domingo, 25 de novembro de 2007

Circle, square, triangle


Relacionamentos interpessoais podem ser transformados em formas geométricas para dar efeito gráfico, já notou? Triângulos, quadrados, hexágonos, eneágonos, uma infinidade de polígonos correspondente a cada grupo de pessoas. Quanto maior o número de pontas, maior o número dos subconjuntos que se formam, vulgarmente conhecidos como "panelinhas". Particularmente, sou a favor da abolição de tais figuras; acredito que o mundo funcionaria melhor se todos fossemos pontos pulantes desapegados que saltam de indivíduo a indivíduo conforme sua vontade na hora. Figuras, querendo ou não, influenciam nas decisões de suas pontos (seja para o bem ou para o mal), fazendo da perda da originalidade do ser humano uma das principais características do mundo moderno. Mas não irei discutir nada disso aqui, afinal, só porque sou egoísta E ingênua e me meto em cinquenta formas geométricas inadequadas até encontrar uma ou duas que me satisfazem não quer dizer que a sociedade inteira funcione assim.

Voltando a teoria das figuras: não é incomum a transformação de uma forma em outra. Quadrados se transformam em pentágonos que viram hexágonos até a exclusão de duas pontas que encontram outra pra formarem um triângulo e se juntarem com o antigo quadrado em festas casuais. É um embaraço mental que faz sentido porque cada ponto tem um nome, sobrenome, personalidade. Nem notamos essas metamorfoses de tão naturais que são - desde sempre grupos funcionam assim.

De todas as figuras, creio que triângulos são as mais difíceis de serem administradas. Tanto que se tem nomes diferentes para cada tipo. Triângulos podem funcionar incrivelmente bem, é claro, mas é o polígno que se transforma em reta com mais frequência e rapidez de todos. E o pontinho excluído nesse processo, tadinho, fica dançando pelo mapa até ser convidado para uma outra figura. Se ele tem sorte, acha outro ponto perdido e forma uma reta própria. É aí que quero chegar com essa baboseira filosófica toda:

A força de uma reta é algo que me surpreende até hoje. É evidente que nem todas as retas são assim. Algumas são tão frágeis que um simples desentendimento é a causa de sua ruptura. Porém, todavia e o escambau, têm retas que não se desfazem nem com o tempo, nem com a distância, nem com a entrada de outros pontos. Estes, no caso, nada mais são que uma outra figura da qual um dos pontos faz parte. Mas a reta está ali, intacta. Pode ser coisa da minha mente de louca, pode ser ilusão, pode ser viagem (como este post inteiro está sendo), mas sinceramente acredito que uma das poucas situações em que o conceito de "eternindade" se aplica é na formação de uma linha. Aquele papo de tudo-passa-até-uva-passa e nadaduraparasempre é pura bosta de boi, se me perguntarem. Eu, pelo menos, estou numa reta em que, por mais que eu me esforce, por mais que eu martele os defeitos e o gosto duvidoso do outro ponto na minha cabeça, não consegue se desfazer.

2 comentários:

Everson disse...

Concordo com o post. Acho que deveriamos abolir essas figuras geométricas (que, aliás, são agressivas, com suas pontas e suas rigidez quase autoritária) e deveriamos adotar os circulos! Eles delimitam a região mas sem criar uma estrutura física, uma barreira de entrada.

Fora que circulos são bem mais simpáticos. Quem não gostaria de ter um circulo como vizinho do lado, aquele que sempre tem açúcar pra emprestar? Ok, ok, divirjo. Realmente acho que a estrutura social tem essas regras chatas e, mesmo que incoscientemente, a gente acaba as obedecendo. Essa "fluência" que resultaria da adoção dos circulos só enriqueceria os relacionamentos. Circulos também não tem pontos, não influencia nos seus pontos (mesmo porque estes não existem).

Bruna_fb disse...

"afinal, só porque sou egoísta E ingênua e me meto em cinquenta formas geométricas inadequadas até encontrar uma ou duas que me satisfazem não quer dizer que a sociedade inteira funcione assim"
acho q qr dizer sim, baby, somos (a sociedade) mais parecidos do que gostaríamos.

Formas geométricas não me atraem, admito, mas sempre estou nelas. Prefiro retas, até mais do que pontos. Retas, retas e retas... é o q há. Não me arrisco a dizer que retas são mais simples, mas, ao menos, são menos dolorosas. ou não.